Planalto das Cesaredas visto da torre da igreja de S. Bartolomeu dos Galegos. Este vale estende-se em direcção ao mar, na costa de Peniche.
Conforme referimos no post anterior, a população de S. Bartolomeu dos Galegos venera, na sua igreja, o apóstolo S. Bartolomeu, mas a paróquia (fundada em finais do século XIV ou princípios do seguinte) tem como padroeiro S. Lourenço dos Galegos, cuja imagem se encontra no adro em frente da porta da igreja.
Para se tentar perceber a existência destes dois cultos, temos que recorrer à toponímia. A designação de Galegos em ambos os topónimos sugere a existência de uma colónia de gentes oriundas da Galiza que se teriam fixado nesta região. Segundo o senhor Rui Cipriano*1, estes colonos eram essencialmente canteiros, atraídos pela abundância de pedra calcária do planalto das Cesaredas, os quais trariam como patrono o hispânico S. Lourenço. Por terem uma posição económica e social superior à dos camponeses (reguengueiros por trabalharem as terras do rei) teriam imposto o seu orago aquando da criação da paróquia, apesar da população local venerar S. Bartolomeu. Para que a paróquia não se confundisse com a de S. Lourenço dos Francos (actual Miragaia), denominaram-na de S. Lourenço dos Galegos.
Do património da igreja matriz fazem parte três cabeceiras de sepultura medievais, descobertas em 1995, aquando da construção, no adro, da capela mortuária. Datadas do finais do século XII ou princípios do século XIII, têm esculpidas cruzes páteas*2, uma cruz grega e um pentagrama. Segundo o mesmo autor, a existência das cabeceiras indicia a presença de um estrato populacional superior ao dos camponeses, provavelmente os mestres canteiros (os tais colonos galegos), cuja profissão perdurou em S. Bartolomeu até hoje.
A actual igreja matriz foi construída nos finais do século XVI, para substituir uma primitiva situada no mesmo local, provavelmente por ser demasiado pequena ou por necessitar de obras. De realçar um lambril de azulejos, tipo tapete do século XVII, nas paredes da nave.
*1 CIPRIANO, Rui Marques, «São Bartolomeu», Vamos Falar da Lourinhã, Lourinhã, ed,ª Câmara Municipal da Lourinhã, [2001], pp.267-281.
*2 Cruz pátea é a aquela cujos braços estreitam em direcção ao centro (na imagem). Ela normalmente representa a divisão do mundo em quatro elementos: fogo, terra, ar e água, ou os pontos cardeais, ou então a união dos conceitos de divino, na linha vertical, e mundano, na linha horizontal. A cruz grega tem os braços todos iguais, na largura e em comprimento.
Para se tentar perceber a existência destes dois cultos, temos que recorrer à toponímia. A designação de Galegos em ambos os topónimos sugere a existência de uma colónia de gentes oriundas da Galiza que se teriam fixado nesta região. Segundo o senhor Rui Cipriano*1, estes colonos eram essencialmente canteiros, atraídos pela abundância de pedra calcária do planalto das Cesaredas, os quais trariam como patrono o hispânico S. Lourenço. Por terem uma posição económica e social superior à dos camponeses (reguengueiros por trabalharem as terras do rei) teriam imposto o seu orago aquando da criação da paróquia, apesar da população local venerar S. Bartolomeu. Para que a paróquia não se confundisse com a de S. Lourenço dos Francos (actual Miragaia), denominaram-na de S. Lourenço dos Galegos.
Do património da igreja matriz fazem parte três cabeceiras de sepultura medievais, descobertas em 1995, aquando da construção, no adro, da capela mortuária. Datadas do finais do século XII ou princípios do século XIII, têm esculpidas cruzes páteas*2, uma cruz grega e um pentagrama. Segundo o mesmo autor, a existência das cabeceiras indicia a presença de um estrato populacional superior ao dos camponeses, provavelmente os mestres canteiros (os tais colonos galegos), cuja profissão perdurou em S. Bartolomeu até hoje.
A actual igreja matriz foi construída nos finais do século XVI, para substituir uma primitiva situada no mesmo local, provavelmente por ser demasiado pequena ou por necessitar de obras. De realçar um lambril de azulejos, tipo tapete do século XVII, nas paredes da nave.
*1 CIPRIANO, Rui Marques, «São Bartolomeu», Vamos Falar da Lourinhã, Lourinhã, ed,ª Câmara Municipal da Lourinhã, [2001], pp.267-281.
*2 Cruz pátea é a aquela cujos braços estreitam em direcção ao centro (na imagem). Ela normalmente representa a divisão do mundo em quatro elementos: fogo, terra, ar e água, ou os pontos cardeais, ou então a união dos conceitos de divino, na linha vertical, e mundano, na linha horizontal. A cruz grega tem os braços todos iguais, na largura e em comprimento.
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