27.4.06

ARTES DECORATIVAS - II

PINTURA A FRESCO
Igor Alexandre

Frescos dos Quatro Evangelistas - Igreja Velha da Marquiteira




















Fresco é uma técnica de pintura mural, na qual são aplicados pigmentos (tintas de água) sobre argamassa húmida.
Alguns dos mais antigos frescos (c.1750-1400 a. C.) foram encontados em Cnossos, na ilha de Creta, dos períodos minóico e micénico da civilização do Egeu (arte grega pré-clássica). Esses frescos encontram-se hoje no Museu Heráclion (Creta).
Esta técnica atingiu a sua maior expressão em Itália, entre os séculos XIII e XVII. Giotto, Masaccio, Miguel Ângelo e muitos outros artistas italianos usaram-a, tal como os muralistas Orozco e Rivera, já no século XX.

NOTA: Simbologia dos quatro Evangelistas: São Mateus é simbolizado pelo anjo com rosto de homem, porque o seu Evangelho se preocupa em comprovar a natureza humana de Cristo, enquanto São João (a águia) se preocupa em comprovar a natureza divina de Jesus. São Marcos é representado pelo leão, porque começa o seu Evangelho falando da pregação de São João Baptista no deserto da Judeia. Ora, o leão vivia no deserto e a pregação de João foi como um rugido de leão, querendo mostrar Cristo como rei (o leão é o rei dos animais). São Lucas tem em vista demonstrar o carácter sacerdotal de Cristo. Daí ter com símbolo o boi, animal sacrificado no Templo.

25.4.06

TRADIÇÕES RELIGIOSAS – II

DEVOÇÃO A SANTA BÁRBARA
Arménia Azevedo

Sou devota de Santa Bárbara porque nos meus tempos de criança, quando se formavam grandes trovoadas eu tinha muito medo, principalmente porque o meu pai e outros familiares eram pescadores e estavam no mar. Se a trovoada em terra pode ser perigosa, imaginem no mar, associada a ventos e tempestades. Daí a muita devoção que existe à santa nestes lugares à beira mar.
Assim quando havia trovoada, nós acendíamos uma vela e rezávamos uma oração, que a minha avó me ensinou:

«Bárbara Virgem foi ao rumo
Jesus Cristo encontrou
Onde vais Bárbara?
Vou espalhar esta trovoada
que aqui se juntou.
Então espalha-a bem espalhadinha
onde não haja molhinhos de lenha,
tranquinhos de oliveira,
nem bafo de alma cristã.»

Era no mês de Maio que havia sempre mais trovoada, então eu, a minha mãe e os meus irmãos acendíamos as velas a Santa Bárbara e rezávamos.


NOTA: A minha vizinha, D. Domitília Cordeiro (A dos Cunhados), informou-me que havia também, noutras freguesias da região, muitos associados da Irmandade de Santa Bárbara da Marquiteira. Por volta do dia 4 de Dezembro, festa da padroeira, os mordomos da irmandade percorriam as terras em redor para cobrar as quotas e entregavam duas velas a cada associado. Sempre que havia trovoada, os devotos acendiam-nas e rezavam a oração. Há várias versões desta oração, a daqui é a seguinte: «Santa Bárbara se vestiu/ Santa Bárbara se calçou/Seu caminho andou/Nossa Senhora a encontrou/ Bárbara onde vais?/ Vou espalhar a trovoada/ Espalha-a bem para bem longe/ onde não haja pão nem vinho, nem tranquinho de oliveira.» (Maria dos Anjos).


23.4.06

LENDAS - II

SANTA BÁRBARA, padroeira da Marquiteira
Igor Alexandre

Pintura alusiva à lenda de Santa Bárbara
Igreja Velha da Marquiteira

Santa Bárbara viveu e sofreu durante o reinado do imperador Maximiano, entre o ano 305 e 311.
Seu pai, Dióscoro, pessoa rica da cidade fenícia de Heliópolis, era pagão.
Dióscoro sempre protegeu a sua filha (ela era muito bela), colocando-a numa torre fechada, longe do povo.
Mas, Bárbara cresceu e começou a querer conhecer pessoas novas e fazer amigos, então saiu da torre e percorreu à cidade.
Enquanto Bárbara andava pela cidade fez alguns amigos, mas eles eram cristãos. Enquanto Bárbara começava a compreender melhor a religião dos seus amigos, converte-se ao cristianismo e é baptizada às escondidas de seu pai, Dióscoro.
Quando Dióscoro descobriu ficou furioso e deu-lhe uma terrível surra, metendo-a novamente em cativeiro e em jejum.
Vendo que não conseguia vencer a fé da filha, levou-a ao governador da cidade e juntos voltaram a surrá-la e chicoteá-la, salgando depois as suas feridas. Nessa noite Bárbara rezou com muita fé a Deus e os seus ferimentos curaram-se.
Então sofreu tormentos mais cruéis ainda, tendo sido torturada diante da multidão. E como se não bastasse a humilhação, a fiel seguidora de Cristo foi decapitada, pelo próprio pai.
A fúria de Deus não tardou a punir o pai e os executores de Bárbara, que logo em seguida foram fulminados por raios e relâmpagos.

Daí Santa Bárbara ser a protectora contra raios e relâmpagos.
ARTES DECORATIVAS - I

TALHA DOURADA
David Serra
Altar-mor
Igreja de S. Miguel
Vimeiro

A Talha Dourada é uma técnica de escultura, em que a madeira (principalmente carvalho e castanho) é talhada e depois coberta por uma fina película de ouro.

Já existia no tempo dos Egípcios e Gregos. Também podemos encontrá-la em templos budistas e confucionistas, assim como em mesquitas muçulmanas.
Na Europa desenvolveu-se principalmente durante o Barroco, nos séculos XVII e XVIII.

Usada principalmente no interior de igrejas e capelas, em altares e retábulos, para responder a uma encomenda de talha dourada era necessário o trabalho de vários artesãos: escultores, entalhadores e douradores. Todos tinham que cumprir as ordens do mestre, que era o responsável perante o cliente, pois o contrato, muitas vezes assinado no tabelião (notário), tinha que ser cumprido rigorosamente.

Em Portugal a talha dourada é, como o azulejo, um verdadeiro fenómeno nacional tendo atingido a sua maior importância entre 1690 e 1790. Uma explicação para o grande desenvolvimento da talha dourada em Portugal pode ser a grande quantidade de ouro que nos chegava do Brasil durante o reinado de D. João V.

20.4.06

TOPONÍMIA - I

Valter Guerreiro, de Pregança

Segundo o sr. Rui Cipriano «A toponímia da povoação de Pregança leva-nos a crer que esta região já deveria ter sido ocupada pelo homem desde tempos primitivos. Esta povoação acha-se edificada em local alto e o seu nome poderá ter por origem a palavra de raiz "Brigança", que significa "sítio alto" e se transformou com o decorrer dos anos "Bregança" e depois "Pregança"»*.

Vejam como se designava o lugar de Pregança há 300 anos (Fontes da História da Lourinhã, 2ª página, neste blogue)!

* CIPRIANO, Rui Marques, Vamos falar da Lourinhã, Lourinhã, Câmara Municipal da Lourinhã, [2001], p. 265.

" Para a Cultura guardar é preciso Preservar!"

Ana Patrícia Costa, Marisa Antunes e Sílvia Antunes


O estado de degradação em que se encontra esta tela, da capela oratório situada no muro da Quinta de Santa Catarina na vila da Lourinhã, entristece-nos ( a da R. João Luís de Moura ainda está pior).

Uma forma também de assinalar a Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se comemorou há dois dias, é chamar a atenção das autoridades competentes para a necessidade de restaurar e conservar o nosso património.

17.4.06


No dia 18 de Abril comemora-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.

Este ano, O Instituto Português do Património Arquitectónico celebra esta data com o tema Jovens de Hoje - Património de Amanhã, uma forma de sensibilizar os jovens para a importância da defesa e preservação do nosso património.

Nós, membros do Clube de História Local, estamos no bom caminho ao darmos o nosso contributo para a divulgação do património histórico-cultural do concelho da Lourinhã.

FONTES DA HISTÓRIA DA LOURINHÃ -I




















COSTA, António Carvalho da, «Livro Segundo: da Província da Estremadura», Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal..., Tomo III, Lisboa, off. de Valentim da Costa Deslandes, 1706-1712, pp. 36-37.

16.4.06

O Blogue do Miguel

Afinal o meu sobrinho Miguel, frequentador assíduo do nosso blogue, também tinha um e estava muito caladinho. Ainda por cima é um blogue de História! É sobre a história da sua família do lado materno e o endereço é http://historiadafamiliaquina.blogspot.com . Prometi dar-lhe uma ajuda nas pesquisas.
O Miguel tem onze anos, é aluno do 5º ano do Externato de Penafirme e é um craque em informática.
Decidi fazer um link do nosso blogue para o seu porque acho a ideia de se fazer a história da nossa família muito interessante. Aliás, no início deste clube, eu e a professora Lurdes Neto apresentámos aos alunos diversas propostas e esta era uma delas. Os alunos preferiram visitar e estudar o património construído, daí que talvez para o próximo ano alguém queira explorar esta vertente da História. Os arquivos paroquiais (a partir de 1911), os registos civis (entre cerca de 1900 a 1910) e a Torre do Tombo para os séculos anteriores (podem remontar até ao século XVI) guardam os registos paroquiais de baptismos, casamentos e óbitos dos nossos antepassados.
Boas pesquisas!
Prof.ª Maria dos Anjos

14.4.06

TRADIÇÕES RELIGIOSAS - I

Sexta Feira Santa



O culto ao Senhor dos Passos e ao Senhor Morto, de fortes tradições nas gentes da Lourinhã, remonta a meados do século XVII ou princípios do século XVIII e teve origem na Igreja da Santa Casa da Misericórdia desta vila.

A tradição centenária do Procissão do Enterro do Senhor, que sai da Igreja da Misericórdia e percorre as ruas da Lourinhã, na Sexta Feira Santa, não se realizou este ano devido à chuva que se fez sentir durante toda a tarde. No entanto, na sexta feira anterior ocorreu a Procissão do Senhor dos Passos, que também se insere nas celebrações que antecedem a Páscoa.
Na época da difusão destes cultos, a Santa Casa da Misericórdia mandou construir várias capelas-oratórios pelas ruas da Lourinhã, relacionadas com os Passos da Paixão de Cristo. Sobreviveram quatro dessas capelas e uma delas encontra-se no largo da antiga Câmara. Têm pinturas em tela, datadas do século XVIII.