27.10.06

OS AMORES DE PEDRO E INÊS
em Moledo, Lourinhã - I

Cristiana Trindade

Por decisão do rei Afonso IV, D. Pedro, príncipe herdeiro da coroa, casou em 1336 com D. Constança, uma jovem da mais alta nobreza de Espanha. Com D. Constança veio Inês de Castro, uma das suas aias e amiga. Mal a viu, D. Pedro apaixonou-se por ela e desde logo mantiveram uma relação amorosa. Constança sabia do caso e tentou resolvê-lo, convidando Inês de Castro para madrinha do seu primeiro filho. Naquele tempo, os padrinhos e os pais de uma criança passavam a ser como irmãos, tornando incestuosa qualquer relação amorosa entre eles. A criança acabou por falecer, mas os príncipes ainda tiveram outro filho, D. Fernando, herdeiro do trono.

Entretanto, D. Constança Manuel morre em 1345 e D. Pedro e D. Inês passaram a viver juntos, o que causou grande escândalo. Mais tarde, D. Pedro declararia que tinham casado secretamente. Nessa época a Igreja reconhecia o “casamento de juras”, bastando aos noivos proclamá-lo diante de testemunhas, sem necessidade da presença do padre e do consentimento dos pais.
Temendo futuras lutas entre os filhos de Pedro e de Inês (tiveram quatro filhos) e o herdeiro legítimo da coroa D. Fernando, o rei Afonso IV acabaria por condená-la à morte. Foi assassinada em Coimbra, em 1355.

Entre 1346 e 1352, D. Pedro, permaneceu longas temporadas no seu Paço da Serra de El-Rei (próximo de Atouguia da Baleia e Peniche) para se dedicar à caça e, segundo a lenda, para se encontrar mais à vontade com Inês de Castro, longe da Corte. Esta ficava num outro paço, em Moledo, que dista da Serra poucos quilómetros e a quem o príncipe visitava regularmente e aos seus filhos. A tradição oral refere que dois dos filhos de Pedro e Inês nasceram aqui, no Paço do Moledo.

22.10.06

HINO A NOSSA SENHORA DE MONSERRATE
PADROEIRA DE RIBAMAR

1. Nossa Senhora de Monserrate
És Padroeira de Ribamar
És Rainha do mundo inteiro
És rainha de Portugal.


Refrão
Avé Maria, Avé Maria
Amável Senhora de Monserrate
És Padroeira de Ribamar!

2. Foi nesta Terra abençoada
a terra de Santa Maria
olhando o mar encapelado

Protege-nos de noite e dia.

3. Imaculada és Padroeira
Ó Virgem Mãe rogai por Nós
traz-nos teu Filho teu filho amado
dá-nos o amor esperança e paz

4. És protecção de Mãe divina
esperança e Luz na escuridão
refúgio certo dos sem abrigo
dos pobrezinhos sem lar, sem pão.

5. Dos pescadores és protecção
no mar imenso e na tempestade
das nossas vidas és a razão
És Padroeira de Ribamar.

6. No mar profundo e encapelado
és minha tábua de salvação
somos errantes mas filhos Teus
Nós te trazemos no Coração.


3.ª imagem (Igreja de Ribamar)

21.10.06

Festas de Nossa Senhora de Monserrate
Diana Jaleco, Melissa Pessoa, Rita Fonseca e Ruben Fernandes

Na passada 5.ª Feira, dia 12 de Outubro, o nosso grupo de trabalho foi à descoberta das antigas festas de Ribamar. Curiosamente, nesse mesmo dia, as pessoas que entrevistámos estavam a ajudar a desmontar o arraial.
Começámos por falar com o sr. Rui Mateus que nos disse que há cinquenta atrás, o seu pai levava a imagem da nossa padroeira no seu barco sempre que ia ao mar. Falamos da 1ª imagem, cuja origem e início do culto não conseguimos confirmar. Segundo parece, houve na nossa costa um naufrágio de pescadores espanhóis. Estes, em hora de aflição, prometeram à padroeira dos pescadores – Nossa Senhora de Monserrate -, que se esta os salvasse trariam para Ribamar uma imagem e o respectivo culto. A 1ª imagem ainda existe, é uma imagem de madeira de cor branca, que se encontra em casa de pessoas particulares, família Marau, há várias gerações.
De seguida, falámos com uma senhora, a Dª Cilinha, que nos contou alguns factos milagrosos que, como é óbvio, não nos é possível confirmar por se tratar de relatos orais passados de geração em geração. Factos, esses, acontecidos por obra e graça da padroeira da nossa terra.
Na festa anual de Ribamar fazia-se a procissão das velas e o povo deslocava-se à Marquiteira no sábado à noite para ir buscar a imagem à igreja paroquial. Traziam-se outras imagens, fala-se em quatro andores, um deles o de S. Sebastião, e as imagens eram deixadas em casa dos festeiros. No domingo, as imagens eram levadas para o local da festa, onde actualmente se encontra a igreja, e era celebrada a missa campal. Depois, na segunda-feira, iam devolver a imagem à igreja paroquial.
As pessoas viviam intensamente a festa, tal como hoje, e preparavam-se espiritualmente para a mesma. Na semana anterior realiza-se o tríduo com o convite a pregadores que vinham preparar os fiéis para as cerimónias religiosas. Ainda hoje se mantém esta tradição.
Procurámos também saber o porquê da festa na 2ª semana de Outubro. Foi-nos apresentada a seguinte hipótese pela Dª Narcisa – ex-AAE da nossa escola - confirmada também pela AAE Dª Arménia, que a festa era realizada pelos pescadores em honra da sua padroeira. Há muitos anos atrás os pescadores não iam ao mar entre os meses de Setembro e Fevereiro devido às condições climatéricas e ao consequente estado revoltoso do mar. (É preciso relembrar que os barcos não tinham os equipamentos de hoje.) Portanto, depois de arrumar todo o equipamento da faina piscatória e após as vindimas, os pescadores preparavam os festejos em honra da padroeira.
A 2ª imagem
Em 1952, a comissão de festas resolveu substituir a primeira por outra imagem da mesma padroeira. Esta imagem encontra-se na casa mortuária e foi venerada até 1971.
A 3ª imagem
Em Março de 1971, foi substituída e inaugurada uma terceira imagem, oferecida por um amigo de Ribamar e de seu povo, o sr. Mário Támen, conhecido por “Mário, o Pescador”. Esta terceira imagem de cor negra encontra-se na nossa igreja paroquial e foi adquirida no santuário de Monserrate, em Espanha.

12.10.06

NOSSA SENHORA DE MONTSERRAT
Melissa Pessoa

A tradição religiosa refere que o culto a Nossa Senhora de Montserrat remonta aos primórdios do Cristianismo, quando o apóstolo S. Pedro levou uma imagem de Nossa Senhora para Barcelona.
Entretanto, no século VIII, os árabes invadiram a Península Ibérica e os cristãos, receando a profanação das suas imagens sagradas, esconderam-nas em lugares inacessíveis. Foi o que aconteceu com a imagem de Barcelona, que foi escondida numa caverna de uma montanha próxima, denominada Montserrat por se assemelhar a um serrote de dentes aguçados.
Passados dois séculos, alguns pastores, atraídos por um mágico esplendor que irradiava da montanha, encontraram a imagem enegrecida pelo tempo (a sua cor escura, levou a que os catalães a designassem de «La Moreneta»). A notícia rapidamente se espalhou e começaram-se a organizar romarias ao local. Tentando movê-la do sítio, esta não se deslocou, o que foi entendido como algo de sobrenatural. Construiu-se então uma capela, transformada em santuário pela fama dos milagres de Nossa Senhora de Montserrat.
Mais tarde, os reis católicos (finais do séc. XV) de Espanha mandaram construir um majestoso mosteiro, que foi entregue aos monges beneditinos. O papa Leão XIII (1878-1903) declarou a Virgem de Montserrat padroeira da Catalunha.

4.10.06

A FESTA DE RIBAMAR ANTIGAMENTE (1)

Diana Jaleco

Segundo a D. Maria Candeias, a festa de Ribamar, antigamente, era muito diferente do que é agora. Durava apenas três dias, mas dois deles eram mais importantes porque nesses dias as pessoas dançavam “jazz” (assim lhe chamavam) e havia o bailarico à noite.
Nossa Senhora de Monserrate foi sempre a padroeira de Ribamar, mas enquanto não houve aqui igreja, a imagem estava na igreja da Marquiteira e era lá, que se fazia a missa de festa. Depois havia a procissão, pelas ruas da Marquiteira e no fim Nossa Senhora regressava à igreja paroquial.
A festa realizava-se em Ribamar e no regresso da missa da festa, pelo caminho da Marquiteira até Ribamar, havia música e era tudo muito animado.


(1) Respondendo ao desafio do sr. Rui Cipriano, a Diana trouxe este texto e o Rúben disse-nos que ainda não tinha falado com a avó mas iria fazê-lo. Entretanto, este grupo está a pesquisar também sobre as origens do culto à Virgem Negra de Montserrat (na imagem).