10.5.06

INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA-I

A Misericórdia da Lourinhã
Ana Patrícia Costa, Marisa Antunes
e Sílvia Antunes

As Misericórdias surgiram em Portugal a partir do ano 1498, por iniciativa da rainha D. Leonor, viúva de D. João II e irmã de D. Manuel I. A primeira a ser criada foi a de Lisboa, logo seguida de muitas outras por todo o país. Se as de maior importância se deveram à devoção de reis, rainhas e membros da nobreza e do alto clero, as misericórdias locais eram criadas não só por ordens militares e religiosas, como também pelos municípios e confrarias de artesãos ou por simples particulares.
Criadas à semelhança de outras instituições medievais de assistência, as Misericórdias propunham-se cumprir as 14 obras de misericórdia (7 espirituais e 7 corporais)*.
A Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã foi fundada a 23 de Julho de 1586, por alvará de Filipe II, sendo-lhe anexada a Gafaria (Leprosaria) de Santo André e a capela e hospital/albergaria do Espírito Santo.
É constituída por três construções distintas que, apesar de serem de 3 épocas diferentes, não lhe retiram uma certa harmonia.
No centro do edifício situa-se a igreja, com a data de 1626, inscrita no tímpano. É uma igreja renascentista, constituída por 1 só nave, de tecto de madeira e paredes estucadas.
A nascente, encontra-se a parte mais antiga, que pertenceu à capela do Espírito Santo, com um belo portal manuelino. Do lado poente, temos o Hospital, do século XVIII, cuja porta principal é encimada com o escudo de D. Maria I.

*Eram Instituições Particulares de Solidariedade Social, numa época em que o Estado não assumia qualquer responsabilidade de protecção social, função que aparece apenas a partir da época industrial (século XIX). As 14 obras da Misericórdia eram as espirituais - ensinar os simples, dar bom conselho, consolar os tristes, perdoar a quem errou, sofrer injúrias com paciência e rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos e as corporais – remir os cativos e visitar os presos, curar os enfermos, cobrir os nus, dar de comer aos famintos, dar de beber aos que têm sede, dar pousada aos peregrinos e pobres e enterrar os mortos.
De entre as missões das misericórdias há destacar o pagamento do resgate dos cativos dos mouros que atacavam as populações costeiras, a instituição de dotes para as donzelas pobres conseguirem encontrar marido, as deslocações periódicas às prisões para alimentar os presos, etc.
Os hospitais destas instituições serviam não só para cuidar dos doentes pobres, como também para albergar peregrinos, viajantes e mendigos.

4 comentários:

mada disse...

Neste blogue não se aprende só sobre o património da vossa zona. Por exemplo, ao ler este vosso post descobri que a plavra tímpano tinha um significado que eu desconhecia. Até agora só conhecia o tímpano do ouvido, e pelos vistos essa palavra tem outro significado! Mais uma vez obrigada e continuem com essa vossa "cruzada" em prol do vosso (nosso) património.

Anónimo disse...

Este Clube continua a prestar um valioso serviço na divulgação do património construido da Lourinhã e da sua história.
Parece-me que estamos enganados (eu e o Clube)sobre os brasões que estão na Igreja e na porta do Hospital.
Se a data de 1780 que se encontra aposta na porta da Igreja corresponde à data das obras desta e do Hospital,as armas nacionais, embora com a forma instituida por D. João V, são na verdade de D.Maria I, confirmsdo pelos ornatos exteriores do mesmo.

Anónimo disse...

Sr. Rui:
Agradecemos a correcção que fez.
Temos uma curiosidade: a Gafaria de Santo André ficava neste espaço?
Na próxima 5ª feira vamos visitar o Forte de Paimogo, mas nós ainda gostaríamos de poder contar consigo para visitar a Biblioteca do Dr. Afonso Rodrigues Pereira.

Anónimo disse...

A capela e a gafaria de Santo André ficavam situadas na bifurcação das estradas que da Lourinhã vai para Ribamar e para as Matas, onde hoje existe o restaurante "Flor da Vila". Eram uma construção do Século XVI, muito simples, com uma larga fachada onde se abriam uma porta de verga linear, ladeada por duas janelas de cantarias, sem quaisquer ornatos.Telhado de três àguas.