27.3.07

GENEALOGIA E HISTÓRIA LOCAL

A Liliana Almeida é da Pregança e frequentou a nossa escola até ao ano lectivo de 1995/96. Quando iniciámos o nosso clube, no ano passado, ela contactou-nos e desde então temos mantido correspondência regular. Disse-me que estava a fazer a árvore genealógica da sua família e eu sugeri-lhe que escrevesse um texto para o nosso blogue sobre o trabalho que tem feito para conhecer a sua história da sua família. Eis então o testemunho magnífico que nos enviou.
Em 2000, após ter visto um programa sobre genealogia, e como em todos nós existe a curiosidade de saber de onde vimos, coloquei mãos à obra.Comecei por questionar os meus avós, para saber nomes e datas, depois fui ao registo civil para ter as certidões de nascimento, casamento e óbito de cada pessoa. Tentei juntar o maior número de fotos possível sobre os meus antepassados, e fiquei a conhecer rostos de familiares que não cheguei a conhecer pessoalmente.
É um trabalho complicado e extenso, mas bastante gratificante, descobre-se histórias sobre cada antepassado, de onde vieram e o que faziam, que de certo modo complementam a nossa própria história.
De momento estou a fazer a minha pesquisa na Torre do Tombo por volta de princípios do século XVIII, e nos Arquivos Distritais de Leiria, Viseu e Santarém.
A genealogia pode tornar-se um trabalho para uma vida inteira, mas cada descoberta é mais um incentivo para continuar o trabalho.

Uma opinião pessoal, VALE A PENA, sem dúvida alguma; e desejo a todos aqueles que queiram fazer a sua Árvore Genealógica, uma excelente pesquisa e óptimos resultados.

Liliana Almeida

25.3.07

EBUROBRITTIUM
Cidade romana de Óbidos

No século I, o autor romano Plínio-o-Velho, referiu a existência de uma cidade romana denominada Eburobrittium, localizada entre Collipo (Leiria) e Olisipo (Lisboa). Como a sua localização exacta não referida, foi-se apontando, ao longo do tempo, diversas localizações possíveis. Entretanto, obras no IP6 e no IC1 em 1994, puseram a descoberto vestígios arqueológicos da época romana, que pela sua dimensão, revelaram ser de uma cidade romana e não de uma simples villa (casa rural romana, centro de uma exploração agrícola).
Esta cidade foi ocupada entre os finais do século I a.C. e o século V d.C., beneficiando da proximidade das águas da lagoa de Óbidos, que na época chegavam perto do local. Entretanto, esta cidade (espaço aberto sem capacidade defensiva) terá sido abandonada aquando da queda do império romano durante as invasões bárbaras. As preocupações de ordem defensiva e o recuo das águas da lagoa levaram as populações a instalarem-se no sítio da actual vila de Óbidos.
Parte das termas e do fórum encontram-se debaixo da A8, pelo que estão previstas obras de desvio da auto-estrada que permitam a continuação das escavações.

22.3.07

O NOSSO BLOGUE FAZ HOJE UM ANO!

Alguns dos percursos realizados:





Parabéns pelo 1.º aniversário!
Um agradecimento especial à professora Maria dos Anjos Luís pela criação do blogue, aos nossos colegas do ano lectivo passado que foram os precursores do Clube de História Local e ao senhor Rui Cipriano que sempre nos tem apoiado.
Este ano há um agradecimento a fazer também ao Conselho Executivo da EB 2,3 Dr. Afonso Rodrigues Pereira, da Lourinhã, pela cedência da carrinha para as nossas deslocações.
Ao museu da Lourinhã agradecemos a disponibilidade das Drªs. Carla e Alexandra.
E cá estamos para continuar o trabalho e o blogue em colaboração com as professoras Maria dos Anjos e Lurdes Neto.
Alunos do Clube de História Local
A criação deste blogue permite-nos divulgar o nosso trabalho, através de um recurso que o tem valorizado significativamente. Agradeço à Madalena Santos, à Teresa Silva e à Teresa Faria do CRIE da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a formação que nos disponibilizaram nesta e noutras áreas.
Maria dos Anjos

14.3.07

O CONCHEIRO DE TOLEDO
David Serra


A estação arqueológica de Toledo (ou Pandeiro), localiza-se na freguesia do Vimeiro, do lado direito da estrada que liga a Lourinhã ao Vimeiro, imediatamente a seguir à povoação de Toledo.
A sua localização insere-se na área do antigo estuário da ribeira de Alcabrichel, numa altura em que a linha de costa se encontrava bastante acima do nível actual. A presença de conchas estuarinas à superfície, normalmente indicadora de uma estação arqueológica de tipo concheiro, conferia a este local sérias potencialidades de conter vestígios importantes de ocupação Pré-histórica.
Em 1986, uma equipa canadiana de arqueológicos dirigida por David Lubell (Universidade de Alberta – Edmonton), procedeu a sondagens pontuais em duas áreas distintas. Numa zona lavrada foi implantada a sondagem T1, situada num terreno de que é proprietário o senhor Henrique Anastácio Henriques, morador no Casal do Forno. Num terreno adjacente, plantado com favas, foram implantadas as unidades de escavação F6,F7 e F10, de que é proprietário o senhor Caetano Mota, morador no Vimeiro.
Na primeira destas áreas (T1), localmente conhecida como Arneiro, os depósitos arqueológicos não se encontravam in situ. A sequência aqui posta a descoberto revelou a existência de remeximentos significativos, embora fosse possível detectar restos de concheiros.
Na área onde foram implantadas as sondagens F6, F7 e F10, localmente conhecida como Pandeiro, foi posta a descoberto uma sequência estratigráfica contendo depósitos de concheiro in situ, a cerca de 1 metro de profundidade e com 50 cm de espessura. Este nível, de terras muito negras, continha uma grande concentração de conchas (Cardium, Scrobicularia, Venerupis, Solen, Mytilus, Patella e Ostrea), restos faunísticos (de peixes, crustáceos e alguns ossos de javali, pássaros, coelho e veado), pedras queimadas e cinzas. Os artefactos líticos exumados, em quantidade muito reduzida, foram considerados insuficientes para uma caracterização cronológica e cultural precisa. No entanto, a datação pelo método de Carbono 14 de uma amostra de ossos recolhida em F7, nível 145-150cm, forneceu o resultado de 7 800+-110 BP.

8.3.07

A Gruta da Feteira
Cristiana Trindade e Vera Santos

A gruta da Feteira localiza-se na freguesia de S. Bartolomeu de Galegos, concelho da Lourinhã, mais concretamente entre as povoações de S. Bartolomeu de Galegos, Feteira e Moledo, junto a uma pedreira abandonada.
A descoberta desta gruta deu-se em Outubro de 1981, no decorrer da construção de um novo aviário. Devido às obras e às escavações foi descoberta uma galeria subterrânea até então desconhecida, embora não fosse a entrada principal da gruta.
O grupo de espeleologia e arqueologia da Lourinhã (GEAL) interveio junto da Câmara Municipal e do Instituto Português do Património Cultural para se preservar este sítio. O arqueólogo João Zilhão chefiou então uma equipa que fez uma escavação de salvamento desta necrópole neolítica, com cerca de 5.300 anos e publicou os resultados científicos.
Foi então descoberto um numeroso espólio antropológico de uma sepultura colectiva, que permanecia à superfície da galeria, alguns artefactos e espólio cerâmico.
Na Pré-História, época destes artefactos, os mortos eram enterrados com os objectos pessoais (que eram a sua “riqueza”). Assim sendo, nas necrópoles encontravam-se machados, enchós polidas, cerâmicas (vasos de forma hemisférica) e contas de colar fabricadas por perfuração de uma concha marinha.

Estes objectos estão agora no museu da Lourinhã onde as pessoas os podem apreciar.

Imagem: Espólio da gruta exposto no Museu da Lourinhã - http://www.museulourinha.org/pt/arq_neol_1.htm

Visita efectuada ao local no dia 24 de Janeiro de 2007