14.2.08

Os aspectos humanos da batalha do Vimeiro

Daniela e Márcia, 7.º A


Relatos daqueles que participaram na batalha, mostram que a iminência do combate e o combate em si são embelezados e glorificados de uma forma romântica.

Um oficial inglês descreve os preparativos da batalha como se fosse para uma festa:
«quando olhei para mim expectante e enquadrado nas fileiras e mesmo antes do começo da batalha pensei que este era o acontecimento mais importante que o mundo podia produzir. As nossas linhas refulgentes com o brilho das armas, a expressão dos homens, enquanto estudavam o inimigo olhando-o fixamente, as orgulhosas cores de Inglaterra flutuando por cima das cabeças e dos diversos batalhões, contrastando com o negro do canhão no chão solarengo, estando tudo preparado para começar o terrível trabalho de morte, com um barulho ensurdecedor que ensurdecerá toda a multidão.»

Um soldado relata: «No dia seguinte, voltámos a avançar e estando num estado de maior ansiedade para encontrar os franceses, nem o ardor do sol no seu pico, as longas milhas a percorrer e os pesados trabalhos eram capazes de diminuir o nosso ardor».

Outro soldado dá o seu testemunho sobre o começo e o desenvolvimento da batalha: «Esta é a minha lembrança do começo da batalha do Vimeiro. A batalha começou num lindo e solarengo dia, o sol brincava refulgindo nas armas dos batalhões inimigos enquanto avançavam sobre nós, como se estas tivessem sido banhadas em ouro. A batalha rapidamente generalizou-se. O fumo intenso espalhou-se por todo o lado, sendo de tal modo espesso, que por vezes era obrigado a parar de disparar para limpar a cara e tentava em vão perceber o que se estava a passar, apitos, gritos, o barulho dos canhões e dos mosquetes pareciam muitas das vezes abanar o próprio chão.
Pensei que o inferno tinha tomado conta da terra.»

Um oficial escreve: «Oh! Que gloriosa é uma batalha! Que som o da mosqueteria, que trovoada as grandes armas, que algazarra as ordens dos comandantes!»

O que foi descrito anteriormente é fruto de uma determinada época histórica e de sociedade, em que os valores pátrios e a coragem na guerra estavam muito incutidos nas pessoas. Na Inglaterra, um militar covarde era severamente punido e a sua família (até aos tetranetos eram objecto de exclusão social).

Mas há também descrições mais cruas e menos românticas de uma batalha.

Escreve outro participante na batalha do Vimeiro: «No campo à minha volta viam-se os fragmentos destroçados de armas e de toda a espécie de equipamentos militares, como barretinas, mosquetes, espadas, baionetas, cintos e caixas de cartuchos cobertos de terra, misturados com homens, amigos e inimigos que jaziam uns sobre os outros, confundindo-se mortos com moribundos que gritavam e gemiam.»

Também os relatos sobre o enterro dos mortos e do cuidar dos feridos não são muito agradáveis. Na noite a seguir a uma batalha, os feridos, acumulados no campo de batalha e que ainda não tinham sido socorridos, passavam a noite ao relento, sofrendo de dores e dos tormentos da sede, tendo como única companhia os saqueadores dos campos de batalha. No meio da escuridão ouviam-se gritos, gemidos e pedidos de socorro em diversas línguas. Eram depois transportados (acumulados em carroças, uns por cima dos outros) para improvisados hospitais de campanha e os cirurgiões, por falta de meios e com medo das gangrenas, amputavam os membros dos soldados, sem qualquer anestesia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ai mas que interessante!
Parabens a estas meninas.. excelente trabalho.
Bom trabalho e continuem assim meninas.
ass: Anónimo