4.4.08

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA LOCAL

Há já vários anos que venho investindo no estudo da História Regional e Local, não só por gosto pessoal, mas também pelo valor que lhe atribuo em termos educativos.

Em primeiro lugar, pelo seu valor didáctico: o meio local pode ser o laboratório da disciplina de História por analogia ao das ciências experimentais.

Em segundo lugar pelo seu valor informativo – a História Local pode proporcionar uma aprendizagem mais eficiente dos conteúdos da disciplina de História (História Nacional e Mundial). Para ensinar a história das instituições, dos modos de vida, da cultura e mentalidades, nada melhor que recorrer a exemplos da região onde a escola se insere, de modo a tornar o ensino mais próximo das vivências quotidianas dos nossos alunos e, portanto, mais compreensível para eles.

Em terceiro lugar pelo seu valor formativo: ao conhecerem a sua História e a importância identitária dos bens culturais, os alunos serão no futuro pessoas mais sensíveis à salvaguarda e preservação do património.

Esta reflexão vem a propósito de uma mensagem que recebi recentemente e que vem reafirmar as minhas convicções sobre a importância do trabalho deste clube (trabalho que em conjunto com o de outros clubes, vem alimentando o site do nosso projecto“Itinerários do Concelho da Lourinhã”,
endereço:
http:// itinerariosribamar.googlepages.com).
No ano lectivo passado, o nosso clube esteve a estudar as freguesias situadas a norte do concelho da Lourinhã. Neste contexto, publicámos uma carta de um canteiro do Reguengo Grande, datada de 1928 e perguntámos se haveria ainda algum descendente seu a trabalhar nesta área: 25.11.06
A ARTE DA CANTARIA no Reguengo Grande http://historialourinha.blogspot.com/2006_11_01_archive.html
Passado cerca de ano e meio recebo esta mensagem:
« Exma Senhora
Moro em Bruxelas, e dei com o seu blogue por acaso, ao fazer uma pesquisa sobre o Reguengo Grande, aldeia onde nasci. Bem sei que as suas perguntas sobre a actividade da família Corredoura foram feitas em 2006, mas aqui vai a minha modesta contribuição. Tentei pôr uma mensagem no blogue, mas não consigo verificar se fui bem sucedida. Sou de facto descendente de Francisco Luiz Corredoura, que era meu tio-avô. A meu conhecimento, ninguém da família continua actualmente com a actividade da pedra. O último foi o meu avô paterno, Augusto Pimentel da Silva, cunhado de Francisco Luiz Corredoura, e que exerceu a actividade de canteiro nas Cesaredas, onde se estabeleceu. Foi aliás este meu avô que escreveu a carta que pôs em linha, já que quando a mostrei ao meu pai, ele ficou
extremamente comovido porque reconheceu a letra do próprio pai. A explicação é simples, aparentemente o meu tio-avô não era muito letrado, e era o meu avô quem lhe tratava da correspondência. O meu pai contou-me também que o meu bisavô Corredoura (pai de Francisco Luiz Corredoura) era originário da zona de Pero Pinheiro (Mafra), e que se veio estabelecer no Reguengo Grande. O meu pai crê que uma parte muito afastada da família, residente nessa zona, ainda continua na indústria da pedra.
Espero ter contribuído para a sua pesquisa.
Célia Costa e Silva
(26 de Março de 2008)

Pedi à D. Célia Costa e Silva para me autorizar a publicar a sua mensagem e na sua resposta acrescentou:

«Fico muito satisfeita se as informações que lhe dei servirem para, de alguma forma, motivar os seus alunos, e aproveito para lhe dizer que fiquei bastante impressionada com os trabalhos publicados no seu blog. Aliás, imprimi as informações sobre o Reguengo Grande, o Moledo e as Cesaredas - localidades de origem da minha mãe e do meu pai respectivamente - e toda a família aprendeu algumas coisas que ignorava.
Os meus sinceros parabéns pelo trabalho que desenvolve com o seus alunos.
O exercício da memória e da procura das raízes é sempre enriquecedor; estou convencida que tudo o que nos permita perceber de onde (e de quem) vimos nos ajuda a construir o nosso
próprio percurso. Aliás, e talvez por isso, sempre adorei a disciplina de História, e só lamento que no meu tempo de estudante na Lourinhã, não tenhamos tido oportunidade de fazer pesquisas semelhantes.»
(3 de Abril de 2008)

Agradecemos à nossa conterrânea a sua colaboração e as amáveis palavras de valorização e de incentivo ao nosso trabalho. E podemos acrescentar um quarto argumento a favor da importância do estudo da História Local: podermos partilhar com a comunidade aquilo que vamos aprendendo.
Maria dos Anjos Luís

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