A ARTE DO VITRAL
David Serra
Os vitrais são constituídos de pedaços de vidro, geralmente coloridos, combinados para formar desenhos.
Tal como o vidro, o vitral originou-se no Próximo Oriente, tendo florescido na Europa durante a Idade Média. Amplamente utilizados na ornamentação de igrejas e catedrais do período gótico, o efeito da luz solar que por eles penetrava, conferia uma maior imponência e espiritualidade ao ambiente, efeito reforçado pelas imagens retratadas, na sua maioria, cenas religiosas. Adicionalmente, serviam como meio didáctico de instrução do catolicismo, frente a uma população inculta e analfabeta.
A técnica clássica de fabricação de vitrais utilizava chumbo nas junções e soldaduras. A cor nas peças de vidro era obtido pela adição de substâncias como o bismuto, o cádmio, o cobalto, o ouro, o cobre e outros, à massa de vidro em fusão. De peso elevado, os vitrais assim construídos apresentavam problemas de estrutura, fragilidade, deformação, corrosão electrónica, manutenção difícil, além do elevado custo.
Actualmente existem técnicas mais avançadas para a produção de vitrais, de grande valor estético, mais baratas e inócuas para a saúde e para o meio ambiente.
Os Vitrais da igreja de Nossa Senhora dos Anjos
No ano de 1963, Mário Costa pintou para o janelão da frontaria uma Nossa Senhora dos Anjos e, para as janelas da parede sul, um São Francisco de Assis e uma Santa Clara; para as janelas pequenas da capela Mor e do corredor que dá acesso ao coro, foram pintadas figuras de anjos.
Este pintor, responsável pelo restauro dos vitrais do mosteiro da Batalha, costumava passar férias na praia da Areia Branca e fez muitos amigos na Lourinhã, entre os quais o provedor da Confraria de N. S.ª dos Anjos. Estes vitrais são de uma grande beleza e de alto valor artístico, do melhor existente na região.
Entretanto, devido ao estado degradado em que se encontravam, a comissão administrativa da confraria, a que presidia José Artur Nobre, mandou restaurá-los, em 2001-2002. Os painéis tiveram de ser desmontados, foram restaurados e protegidos com vidro temperado à prova de choque, uma técnica muito moderna na protecção dos vitrais. A qualidade do trabalho de restauro, realizado por Ângela Antunes da Silveira, permitiu que os vitrais de Nossa Senhora dos Anjos recuperassem o seu aspecto inicial.