
O Forte de Paimogo


A beleza da nossa costa vista a partir dos terraços do forte do rés-do-chão e do 1º andar (lado sul).
A beleza da nossa costa vista a partir dos terraços do forte do rés-do-chão e do 1º andar (lado sul).
O Forte de Nossa Senhora dos Anjos de Paimogo foi construído em 1674, durante o reinado de D. Afonso VI (na regência de D.Pedro), para impedir o desembarque de tropas inimigas na praia, por esta ser de águas calmas e de fácil acesso a terra firme.
Estava integrado na segunda linha defensiva da costa, que ia de Peniche até à barra do Tejo e que foi construída no contexto das guerras da Restauração da Independência contra os espanhóis. Com efeito a maioria das fortificações existentes entre o cabo da Roca e Peniche foram construídas sob o impulso da coroa Portuguesa, após 1640 - os Fortes de Nossa Senhora da Consolação (1641), de Peniche (1641-1645), de Nossa Senhora da Graça da Vitória, no Cabo Carvoeira e de Nossa Senhora da Luz em Peniche de Cima (depois de 1642), de Santa Susana (1650), de S. João Baptista nas Berlengas (1654-1678), de Nossa Senhora da Graça de Porto Novo (1662), de Nossa Senhora da Boa Viagem ou da Natividade da Ericeira (1670), etc.
Estas fortalezas serviam também para defender as populações do litoral dos ataques da pirataria mourisca que assolava frequentemente a nossa costa.
Logo de início este forte tinha seis peças de artilharia, um cabo que o comandava, seis soldados e seis artilheiros. Em 1735 nele viviam 16 soldados e tinha 8 peças de artilharia.
Em 1796 o Forte de Paimogo encontrava-se em estado de abandono. Um relatório feito por o General Engenheiro José Matias de Oliveira Rego dizia que o forte se encontrava degradado, e a artilharia encontrava-se apodrecida.
Em 1804, a guarnição era composta por um Cabo, cinco artilheiros e cinco fuzileiros. Estes eram os homens que estavam no Forte a 20 de Agosto de 1808 aquando do desembarque dos soldados ingleses na praia da Areia Branca (1,5Km a sul do forte) e que combateram, no dia seguinte, na Batalha do Vimeiro.
Com o fim da Guerra Civil (1830-32) entre Liberais e Absolutistas o forte de Paimogo termina a sua missão como fortificação militar marítima. Este abandono deu início à degradação do edifício, que foi classificado de imóvel de interesse público em 1957. Actualmente estão a decorrer obras recuperação.
(Estas fotografias foram tiradas antes das obras de recuperação em curso. É visível o estado arruinado do imóvel)
Painel da Pregação aos Peixes, Capela-mor
Desde o final do século XVII até meados do século VIII a pintura em azulejo fez-se exclusivamente com azul sobre branco: foi a moda do azul e branco. Os estudiosos apontam como causa principal a influência da porcelana chinesa, que tinha sido dada a conhecer pelos portugueses à Europa já desde os princípios do século XVI. Mas é só por volta de 1650 que a moda do azul e branco na azulejaria se impõe. Azul e branco passaram a ser sinal de bom gosto durante cerca de 60 anos.
Nos painéis de azulejo aparecem agora “cenas”, tal qual como nos quadros. É que a pintura dos azulejos passou a ser confiada a mestres pintores, enquanto antes eram os artesãos ou os seus aprendizes quem a fazia. Esses painéis figurativos são rodeados de complicadas molduras: pilastras, colunas, cordões, borlas, conchas, frutos, anjinhos, vasos, enrolamentos, etc. Por vezes os painéis (chamados silhares quando vão até meio da parede) são recortados em cima, numa preocupação de ocultar as linhas direitas tão ao gosto do Barroco e do Rocócó.
Painel do Milagre da mula, Capela-mor
Durante uma pregação, um homem levantou-se e fez um desafio a António: acreditaria na presença real de Cristo no Sacramento, se a sua mula se ajoelhasse perante a custódia com a Eucaristia. A mula sem comer havia 3 dias, recusou a aveia que o dono lhe oferecia, e ajoelhou-se perante o Santíssimo Sacramento, o homem convenceu-se e converteu-se.
Painel de azulejo "Albarrada" (cesto com flores), na parede da nave e silhar de figura avulsa de tipo "estrelinha", com flores e diversos barcos (elementos alusivos ao local) e com estrelinhas aos cantos, na parede sob o coro.
Azulejo é uma palavra derivada do termo árabe “al zulaycha” ou “zuléija”que significa «pequena pedra lisa polida». Era utilizada para designar os mosaicos romano – bizantinos do Próximo Oriente e do Norte de África, onde eram reproduzidos em cerâmica esmaltada, nas chamadas técnicas mudéjares. Foram artistas islâmicos oriundos do Norte de África que introduziram essas técnicas em determinados centros de produção ibéricos como Málaga, Sevilha (Triana), Valência (Manises, Paterna) e Talavera de la Reina.
O azulejo surgiu em Portugal no século XV e até meados do século XVI a sua origem é sobretudo espanhola. A partir dos finais do século XVI, na sequência das importações dos azulejos, começaram-se a fabricar em Portugal os azulejos de uma só cor, azuis ou verdes, alternados com branco. A técnica utilizada é a da “majólica” – pintura sobre a superfície lisa do azulejo – e é nesta técnica que se desenvolve a fabricação dos azulejos de padrão do século XVII (por “padrão” considera-se um conjunto mínimo de azulejos que permita a leitura de um esquema compositivo). Quanto à cor, o início do século XVII deu-nos azulejos policromos, tendo-se no final do mesmo século adoptado o azul e branco.
Tanto na arquitectura religiosa como na civil, o azulejo português respondia às aspirações dos artistas - o de valorização dos espaços, dando-lhes um cunho de monumentalidade. De colocação fácil e rápida, acessível economicamente, o azulejo foi considerado funcional e plasticamente um material de revestimento quase imprescindível, sendo ainda hoje, uma das mais importantes artes decorativas po
rtuguesas.
Revestimento de tapete com padrões florais, Capela das Matas
(continua no próximo post)
Segundo a tradição oral (reafirmada pelo senhor Leonel Cunha), o nome da localidade teve origem em “Maria Quitéria”, senhora de posses e benemérita, que teria vivido numa casa em frente à igreja.
Diz a lenda que Santa Bárbara apareceu a Maria Quitéria no local onde esta mandou construir a ermida e a partir daí ter-se-ia iniciado o culto a Santa Bárbara.
Contudo os documentos escritos, mais fiáveis, apontam noutra direcção. No século XVI, Marquiteira escrevia-se Margiteira e no início do XVIII Margueteyra (ver Fontes da História da Lourinhã-I, neste blogue). Ora estes topónimos parecem ter a haver com a existência de muitas margas (argila) neste local, onde é tradição ter existido uma olaria. Esses barros não eram só utilizados na confecção de loiça doméstica, pois também próximo da Marquiteira, nos Casais de Santa Bárbara, existiu um forno de telhas.
» Quando foi construída a nova igreja da Marquiteira, os paroquianos, segundo o senhor Leonel Cunha, não quiseram colocar pára-raios no telhado, porque isso seria sinal de pouca confiança na padroeira – Santa Bárbara é protectora contra raios e trovões.